21/11/05

CINGELEIROS

“Contam-se aqueles trabalhos que o cingeleiro passava, quando ia a Salvaterra, já no “tempo das cabras presas” (tempo de redução dos baldios), e tinha de levar consigo um bocado de sabão para ir aplicando nas rodas do carro, junto ao eixo, a fim de amortecer o ruído provocado pela rotação e poder entrar na vila. Mas revive-se, também grande alegria que ele experimentava, no regresso do Paul de Magos.
Ali permanecia, no meio da água, lavando cuidadosamente as rodas do carro, para o seu gadinho ficar contente e andar ligeiro ao som daquele chiar estridente, que o vento alongava pela charneca e ao qual se havia habituado, o cingeleiro, as suas vacas e os filhos que tentavam captar aquela música que se aproximava com mil promessas de ventura para a família.”
Margarida Ribeiro, In Estudos sobre Glória do Ribatejo

Sem comentários: