28/01/06

TRABALHO DE "FARNEL AVIADO"

No passado para ir trabalhar para os grandes proprietários agrícolas, a mulher gloriana percorria a pé muitos quilómetros, descalça ou de tamancos, carregando à cabeça o “talego” do jantar e sobre os ombros a saia de “costorina” que a protege das intempéries e lhe servia de manta nas longas noites passadas no “quartel”.
Chegada ao seu destino, várias tarefas, qual delas mais violenta a esperavam: ceifa, monda e apanha do arroz, descava da vinha, apanha da azeitona, a vindima....
Longe da sua casa, da sua família, trabalha de sol a sol, soltando na voz o que lhe ia na alma, ora em cantos dolentes, ora mais alegres consoante
as saudades que a invadia.
Unindo as vozes, os seus cantos elevavam-se no ar inundando as searas da lezíria.
À noite no “quartel”, as glorianas juntavam-se em grupos à volta da candeia, lavrando com as suas mãos calejadas, caprichosos e artísticos bordados, verdadeiras obras primas de artesanato.

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