07/08/09

Resenha Histórica das Festas da Glória

As festas em Honra de Nossa Senhor da Glória
(Breve sinopse histórica)

Pouco se conhece acerca das Festas em honra de Nossa Senhora da Glória, a única certeza que temos é que os festejos estão intimamente relacionados com o milagre que salvou o Rei D. Pedro I, que remonta ao séc. XIV.
Escasseiam documentos sobre a realização dos festejos em Honra de Nossa Senhora da Glória, contudo no início do séc. XX, verificamos que as festas eram móveis ou seja realizavam-se em diferentes datas.
Em 1910 um requerimento do Regedor da Paróquia de Muge enviado ao Administrador do Concelho de Salvaterra de Magos, indica-nos que os festejos eram organizados em Maio: “afim de ser entregue aos interessados, remetto a V. Exa, a inclusa licença para queimar fogo a N.ª Sr.ª da Glória, nos dias 15 e 16 de Maio próximo. Deus guarde V. Ex.a” [fig. 1]
Fig. 1 - Requerimento para quiemar fogo datado 1910
No ano seguinte, as festas serão realizadas um mês mais tarde (Junho) como refere o seguinte requerimento: “Remetto a V. Exa a inclusa licença concedida a António Alexandre da Glória, para deitarem foguetes e queimar outro fogo de artificio nos dias 4 e 5 de Junho próximo, por ocasião da Festividade à Senhora da Glória, e bem assim deitarem foguetes por occasião dos respectivos peditórios, afim de V. Exa mandar entregar a dita licença ao interessado” [fig. 2]
Fig. 2 - Requerimento de 1911
Anos mais tarde os festejos sofrem nova alteração de data, a partir da década de 30 como certifica o cartaz [fig. 3], as festas realizam-se em Setembro. Através de testemunhos recolhidos a razão da modificação da data, prende-se com o facto de muitas colheitas: trigo, centeio entre outras já estarem feitas, o que permitia ter mais algum dinheiro, e desta forma as pessoas poderiam descansar um pouco antes de entrarem no novo ciclo agrícola: as vindimas e mais tarde o arroz. Fig. 3 Cartaz das festas - década de 30

Desde da década de 30 até à década de 70, as festas realizaram-se sempre em Setembro, contudo nos 2 anos a seguir ao 25 de Abril de 1974, não houve festas.
A partir de 1976 um grupo de pessoas, reinicia os festejos, mas agora com uma nova data: Agosto.
A razão desta escolha prende-se com facto de alguns emigrantes glorianos, apenas estarem no mês de Agosto na Glória do Ribatejo, e desta forma poderiam assistir aos festejos em honra de Nossa Senhora da Glória.
As festas da Glória, evoluíram ao longo dos tempos mas mantêm a essência religiosa e devocional à sua Santa Padroeira, coadjuvado com o espírito profano e popular.
Os arcos de “murtinheira” foram substituídos pela a iluminação à moda do Minho, os dias de festejos passaram de 3 para 4 dias, o fogo de artificio agora contém outros elementos pirotécnicos, os bailes substituídos por artistas, mas no “paito” (= pátio) as festas continuam a assumir-se como um marco na identidade cultural de uma comunidade que teima em mostrar o orgulho do seu passado, respeitando e assimilando o legado cultural deixado por gerações anteriores, dando cada vez mais sentido à frase: “A GLÓRIA É UM MUNDO!!!”
Este ano a Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural da Glória do Ribatejo, escolheu como tema da sua exposição anual – As festas. Venha o Museu e revisite a memória histórica da Festas em Honra de Nossa Senhora da Gloria.

2 comentários:

Jane disse...
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