19/04/06

Moinhos e Moagens de Glória do Ribatejo (O Ciclo do Pão)


Os moinhos na Glória do Ribatejo *

A Glória do Ribatejo, pelas seus condicionalismos geográficos, onde se destacam várias elevações, possibilitou a instalação de moinhos de ventos.
Segundo um estudo efectuado por Margarida Ribeiro “em 1941, existiam 4 moinhos, dos quais restam apenas ruínas e vestígios de outro, respectivamente no Cabeço do Moinho e no Cabeço do Ti Caldeireiro. Pertenceram aos Srs. Custódio Alexandre, já falecido, Inácio Caneira, Joaquim Luís Fernandes, que o negociou quando se sentiu velho para o ofício, com o Sr. Rodrigues Cachulo de Benavente, e Joaquim Rodrigues Cachulo”.
Os moinhos da Glória do Ribatejo são do tipo giratório, e “caracterizam-se fundamentalmente pelo seu sistema de rotação, em que é o edifício que roda na sua totalidade, e não apenas o tejadilho, como nos tipos fixos de torre, por isso, esse edifício é inteiramente de madeira (...). São casotas muito pequenas e rústicas, de formato prismático, de 6 faces desiguais, 4 maiores laterais, dispostas simetricamente 2 a 2 a cada lado de 2 estreitas, uma á frente, voltada ao vento, e outra atrás, onde fica a porta de entrada, e rodam em torno de um espigão excêntrico, cravado na sua base da frente, e apoiados sobre 2 rodas de madeira ou pedra, aplicadas atrás, a uma grade triangular em que assenta o soalho”.
Os moinhos existentes na Glória do Ribatejo, foram construídos no início do séc. XX, como afirma Redol, “foram edificados há cerca de 20 anos”.
Recorrendo à recolha oral junto da população local, ficámos a saber que os moinhos desapareceram na década de 50, o último a laborar foi o do Sr. Inácio Caneira, e que desapareceu devido a um “tornado que provocou a ruína de alguns moinhos, e activou a introdução das máquinas de moagem”.
Em termos de vestígios, os únicos que ainda demonstram a existência dos moinhos, é o caso do moinho do Sr. Joaquim Cachulo, que depois do desaparecimento do seu moinho, ainda instalou mais tarde um moinho do tipo americano, dos moinhos do Sr.s Custódio Alexandre e Joaquim Luís Fernandes já não se encontram vestígios, sendo que a localização do moinho do Sr. Joaquim Luís Fernandes ainda hoje mantém a toponímia onde o moinho estava, que é conhecida por estrada do moinho, finalmente o moinho do Sr. Inácio Caneira, é aquele onde ainda se encontram as mós, é a eira, feita de cimento por onde o moinho rodava em busca do melhor vento.
* Trabalho realizado na frequência do Mestrado de Museologia 2002/2003

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