O painel que inaugura a sequência da exposição,
trata a questão da relação da terra e dos glorianos, onde merece destaque a
outorga da carta de privilégios do rei D. Pedro aos moradores de Santa Maria da
Glória:
«Constituíram-se então as primeiras cabanas com a
madeira colhida nas matas e com os arbustos lenhosos da charneca, lavrando-se
ao longo dos tempos, as primeiras jugadas (…). A facilidade de captação de água
e a abundância de pastagens primitivas atraíram os íncolas, que viviam nas
proximidades entregues à pastorícia como se infere.»(Margarida
Ribeiros, Estudos sobre Glória do
Ribatejo, Cadernos Culturais n. 3, Glória do Ribatejo, Associação para a
Defesa do Património Etnográfico e Cultural da Glória do Ribatejo, 2001, p. 49)
Processo dos Baldios da Glória, realizados em finais do séc. XIX
A carta de privilégios concedida aos moradores de Santa Maria da Glória potenciou o desenvolvimento agrícola, assim como a exploração dos recursos naturais existentes, como a lenha, a cortiça, o mel ou a caça. Trata-se de uma agricultura apenas de subsistência.
Outro assunto abordado trata a
questão dos aforamentos. Em
meados do séc. XIX a Junta de Paróquia de Muge, iniciou o processo de
aforamentos dos baldios. Era nestes terrenos que os glorianos pastavam
livremente os seus gados, o que os levou a amotinarem-se contra estes
aforamentos:
Mapa com os terrenos para aforamento
Apesar da redução drástica dos baldios para
pastarem os seus gados, os aforamentos trouxeram melhorias aos moradores da
Glória. Graças a este sistema de enfiteuse, muitos conseguiram comprar pequenos
“foros”, que foram profusamente cultivados, com produtos usados no dia-a-dia
para a sua subsistência. Alguns “foros” tornaram-se fonte de rendimentos
nomeadamente as parcelas de terreno que tinham sobreiros e o consequente lucro
da venda da cortiça.
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